sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mãe és má!!!

Ontem um dos meus pequenos estava no auge... Fez tanto disparate, mas tanto, e uns a seguir aos outros que a determinada altura confesso que já nem sabia que fazer ou que lhe dizer...

No final daquilo tudo, disse-lhe que ele estava de castigo e que não iria ter uma coisa que queria muito. Foi o fim do mundo... Uma choradeira monumental, um drama digno de filme e a frase que nenhuma mãe quer ouvir: "Mãe és má!!!"
Desta vez não veio acompanhada da outra frase terrível "Não gosto de ti!" mas lembrei-me logo de uma conversa que tive sobre estas frases, há pouquinhos dias...

Estas são duas frases que ditas pelos nossos filhos nos ferem muito, parece que nos deram um pontapé no estômago... e fiquei a pensar porquê... Já as ouvi tantas vezes e magoam sempre da mesma maneira... ainda que eu saiba que é uma frase dita num momento de raiva e que nada tem a ver com o que a criança verdadeiramente sente...

A primeira vez que um dos meus filhos me disse que não gostava de mim, fiquei mesmo triste, mesmo mesmo, mas nem deixei que ele se apercebesse... Reagi como se ele me tivesse acabado de dizer que não gostava de sopa, e respondi calmamente " Não faz mal filho, a mãe gosta tanto de ti que dá para os dois!". Na verdade nunca mais o disse...

Agora o D de vez em quando ainda diz... Especialmente quando está numa das suas crises em que é contrariado... E é como vos digo... magoa sempre...

E magoa porque nunca nos nossos piores pesadelos queremos que seja verdade! Uma mãe nem quer imaginar a hipótese do seu filho não gostar dela! Por outro lado, quando dizem que somos más, pensamos: "Será que não estarei mesmo a ser má?". Ninguém nos ensinou a forma correta de ser mãe... E se estamos completamente erradas?
O bom senso diz-me que não. Ser uma "mãe má" nada tem a ver com o ser má mãe.

Na verdade estamos a educar! Educar é uma tarefa muito complicada e desafiante, e uma tarefa diária, constante! E educar é também dizer não! E de vez em quando castigar também. Tudo isto, claro, de uma forma coerente e com muito amor, porque sabemos dentro de nós que estamos a fazer o melhor para os nossos filhos.  

Não gosto nada de ser a "mãe má", mas esta "mãe má" só quer mesmo é que os filhos sejam felizes...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Exercício físico...

Com o meu regresso ao blog são milhões as ideias sobre as quais me apetece escrever. E escreverei sobre todas :) até porque me decidi a levar isto direitinho direitinho...

Mas hoje apetece-me escrever sobre algo menos profundo, sobre algo que me está a fazer falta há quase 1 semana e se não posso fazer, ao menos escrevo!

Depois de ter sido operada, em Junho, decidi que quando me sentisse melhor iria voltar a fazer exercício físico. Na minha adolescência e juventude (isto agora fez-me sentir velha...) sempre fiz muito desporto e sempre fui muito ativa, mas na verdade a vida encarrega-se de nos tornar sedentários. Claro está que temos de deixar que isso aconteça. E eu deixei!

A última vez que fiz desporto à séria, devia estar grávida do mais velho, ou seja já lá vão uns bons 9 anos... Mas mais vale tarde que nunca e agora é que foi. Desde Outubro estou no ginásio!

Organizei-me com o meu marido e como ele também vai, acabámos por criar turnos para ir ao ginásio de manhã uns dias e outros à tarde. E faz-me tão bem!!!

Pode parecer futilidade mas a questão é que o ginásio me tornou mais ativa, tenho menos sono à noite,  tenho maior resistência e, além de tudo isso, é um momento em que estou comigo mesma, a desafiar-me, a fazer por mim, pela minha saúde, pelo meu bem estar e claro também pelo meu físico.

Por outro lado, é fantástico ver o olhar de orgulho dos nossos rapazes quando percebem que fazemos desporto e que gostamos muito! A satisfação deles quando faço uma corrida e não fico com os pulmões na boca! Na verdade até me sinto mais nova :)

Toda a logística para manter esta minha decisão não é fácil, mas a vontade é mais forte. Há manhãs em que acordo sem vontade nenhuma de vestir o equipamento, ou tardes em que estou tão cansada ou irritada que o que me apetece é calçar as pantufas, mas é nessas alturas em que me forço mais, e nunca me arrependi!

Ter um conjunto de profissionais fantásticos que nos acompanham e que puxam por nós ajuda muito, e por isso tenho de agradecer à minha fabulosa PT, que se tornou uma grande amiga, que me tem apoiado muito nesta fase da minha vida.
Mas a verdade é que se se a vontade não for nossa, ninguém correrá por nós, nem ninguém ficará mais saudável por nós! Podemos ir buscar a motivação a qualquer lado, mas a força é sempre nossa! Sempre!

 J


Imagem retirada do site diabeticool.pt




segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Não sou dada a dramas!

Nunca fui dada a dramas...

Dramas só gosto dos de teatro, dos que nos fazem pensar, que nos fazem viajar para realidades nossas e que nem tínhamos ou queríamos pensar que eram nossas, dos dramas nos filmes que nos fazem chorar por serem tão tristes ou bonitos.

Agora no dia-a-dia, não sou mesmo dada a dramas!

Obviamente que não quero, de forma alguma, deixar de dar importância a vidas dramáticas com problemas insolúveis, com dimensões para além do suportável. Não é a isso que me refiro...

Refiro-me a "dramas" daqueles que muitos falam e se queixam... "Dramas" que mais não são que adversidades às quais damos tanta importância que tudo o resto desaparece.
Há quem precise viver assim, há quem precise de se alimentar da sua própria desgraçada, mas eu não!

Não gosto de dramas, não gosto de queixumes, não gosto de dar demasiada importância às adversidades, às complicações...

Acredito que em quase tudo há um outro lado, uma lição, um aspeto que pode ajudar.  As coisas são como são e não é o peso que lhes possa colocar que vai ajudar a ultrapassar os obstáculos.
Isso não me torna mais forte mas ajuda-me a dirigir os meus esforços.

Dou-vos um exemplo. Quando descobri o meu Ménix, das primeiras coisas que me disseram foi que ia ficar cega do olho esquerdo. Acreditem não é fácil de ouvir isto. Depois de ouvir e assimilar os meus pensamentos foram: Será que consigo trabalhar só com um olho? E se não conseguir que profissão posso ter? Quando falava sobre isto diziam-me "Não penses nisso!! Vais ver que vai correr tudo bem!" Mas eu precisava de pensar sobre isto. Não porque queria dar importância, ou agoirar, mas exatamente porque havia algo para além do drama inicial...

Felizmente após cirurgia e radioterapia correu efetivamente tudo bem. E acredito que assim continuará, mas principalmente porque o que quer que aconteça neste meu caminho não será um drama!

Os "dramas" pesam-nos nas costas e tiram-nos as forças. Os "dramas" confundem as nossas prioridades e não é a eles que devemos dar importância!

Assim, digo e volto a dizer: Não sou mesmo dada a dramas!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Um dia tiraram-me o chão...

Estava eu na minha vida normal, tudo a correr bem. A casa cheia estava cheia de felicidade.

Aproximavam-se os aniversários do D e a C, grande azáfama, mas decidi visitar o meu neurologista...
Sentia um pequeno alto junto à tempôra e as minhas dores de cabeça andavam mais intensas...
E por isso lá fui à espera de uma consulta normal, com as prescrições normais de medicação e um comentário do género... "O quê? Esse altinho na cabeça? Deve ter batido em algum lado e nem se lembra..."

Mas não... Nessa consulta tiraram-me o chão... E eu não estava nada preparada... Ainda sem exames nenhuns o médico deu logo a entender que a coisa não era uma simples dor de cabeça...

Depois disso a batelada de exames que confirmaram... Tinha um tumor na cabeça... Nunca nos meus piores pesadelos pensei conseguir assimilar uma informação destas...

A vontade foi gritar, berrar, fugir, acordar e perceber que era um pesadelo, mas não... Era bem real...

Mas o pior mesmo foi transmitir aos que mais amo esta noticia.. Não só o meu desespero por estar a viver aquilo tudo me deitava abaixo, mas saber o sofrimento que ia causar aos outros ainda me atormentava mais...

Enchi-me de força (que nem sei onde arranjei) e enfrentei esta notícia, quem me acompanhou nesta fase foi ainda mais forte que eu pois nunca me deixaram cair.

Iria tratar deste Meningioma (que carinhosamente nomeamos de Menix) com toda a minha força e com todos os recursos que me fossem possíveis...

O prognóstico não era o melhor, mas nada podia fazer em relação a isso... Assim:

Organizei-me, organizei o trabalho, organizei os miúdos, organizei os seguros... Orientei as minhas forças para algo que conseguia controlar. Sim, porque eu como controladora mor não conseguia controlar a coisa mais importante...

Aceitar isto foi terrível, mas graças ao meu grande companheiro, consegui ver que tinha mesmo de me entregar nas mãos dos outros. E confiar...

E esta foi a minha primeira grande lição...

Estas coisas acontecem! E não acontecem a nós por uma espécie de castigo divino... Acontecem porque acontecem... E nós só temos de  aceitar e lutar, com tudo o que conseguirmos!  Aceitar não é entregarmo-nos... De modo algum! Aceitar não é viver no drama da desgraça que nos aconteceu! Aceitar é perceber que não podendo controlar o que nos acontece, podemos controlar a forma como o vivemos!!
E isso faz toda a diferença! Não digo que torne a situação mais fácil, mas talvez mais suportável.

Eu sigo sempre com o humor e o sorriso... às vezes tão difícil mas que me faz tão bem :) E que me segura tantas vezes! Nos momentos em que vou abaixo é nisto que me concentro. Nas gargalhadas, nos sorrisos e na minha casa cheia que me enche de força!

J






sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Um ano passou....

Um ano passou desde que escrevi no meu blog.

Isto de ter um blog tem que se lhe diga, ainda por cima para mim que gosto de escrever algo que dê vontade de ler e que possa transmitir alguma coisa a alguém...

Neste ano que passou, a minha vida deu uma volta muito grande e deu-me muitas lições importantes.

Saber que somos finitos, que na verdade não somos nada, que devemos viver com uma única certeza, a de que estarmos vivos é um milagre, uma bênção e uma fantástica justificação para comemorar todos os dias!

Criei este blog para poder deitar cá para fora as minhas aventuras, desventuras, medos, ansiedades relativamente aos meus filhos e à nossa casa, mas neste momento vou usa-lo para mais do que isso...

Estes meses que passaram foram meses de grandes pensamentos e grandes descobertas e muitas foram as vezes que as quis passar para o papel, mas sem tempo ou vontade não o fiz... Agora apetece-me transpor para o papel o que aprendi e o que vivi, pois assim, poderei sempre lembrar-me de quanto as dificuldades nos fazem mais fortes e que por elas também devemos estar sempre agradecidos...

Espero que vão lendo :)

Joana