sábado, 21 de fevereiro de 2015

Um dia tiraram-me o chão...

Estava eu na minha vida normal, tudo a correr bem. A casa cheia estava cheia de felicidade.

Aproximavam-se os aniversários do D e a C, grande azáfama, mas decidi visitar o meu neurologista...
Sentia um pequeno alto junto à tempôra e as minhas dores de cabeça andavam mais intensas...
E por isso lá fui à espera de uma consulta normal, com as prescrições normais de medicação e um comentário do género... "O quê? Esse altinho na cabeça? Deve ter batido em algum lado e nem se lembra..."

Mas não... Nessa consulta tiraram-me o chão... E eu não estava nada preparada... Ainda sem exames nenhuns o médico deu logo a entender que a coisa não era uma simples dor de cabeça...

Depois disso a batelada de exames que confirmaram... Tinha um tumor na cabeça... Nunca nos meus piores pesadelos pensei conseguir assimilar uma informação destas...

A vontade foi gritar, berrar, fugir, acordar e perceber que era um pesadelo, mas não... Era bem real...

Mas o pior mesmo foi transmitir aos que mais amo esta noticia.. Não só o meu desespero por estar a viver aquilo tudo me deitava abaixo, mas saber o sofrimento que ia causar aos outros ainda me atormentava mais...

Enchi-me de força (que nem sei onde arranjei) e enfrentei esta notícia, quem me acompanhou nesta fase foi ainda mais forte que eu pois nunca me deixaram cair.

Iria tratar deste Meningioma (que carinhosamente nomeamos de Menix) com toda a minha força e com todos os recursos que me fossem possíveis...

O prognóstico não era o melhor, mas nada podia fazer em relação a isso... Assim:

Organizei-me, organizei o trabalho, organizei os miúdos, organizei os seguros... Orientei as minhas forças para algo que conseguia controlar. Sim, porque eu como controladora mor não conseguia controlar a coisa mais importante...

Aceitar isto foi terrível, mas graças ao meu grande companheiro, consegui ver que tinha mesmo de me entregar nas mãos dos outros. E confiar...

E esta foi a minha primeira grande lição...

Estas coisas acontecem! E não acontecem a nós por uma espécie de castigo divino... Acontecem porque acontecem... E nós só temos de  aceitar e lutar, com tudo o que conseguirmos!  Aceitar não é entregarmo-nos... De modo algum! Aceitar não é viver no drama da desgraça que nos aconteceu! Aceitar é perceber que não podendo controlar o que nos acontece, podemos controlar a forma como o vivemos!!
E isso faz toda a diferença! Não digo que torne a situação mais fácil, mas talvez mais suportável.

Eu sigo sempre com o humor e o sorriso... às vezes tão difícil mas que me faz tão bem :) E que me segura tantas vezes! Nos momentos em que vou abaixo é nisto que me concentro. Nas gargalhadas, nos sorrisos e na minha casa cheia que me enche de força!

J






1 comentário:

  1. Tu és, indubitavelmente, uma Casa Cheia, uma Força da Natureza, um raio de Luz que ilumina e aquece todo o espaço em redor!
    Todos os que te rodeiam e te apoiam, independentemente do (muito) valor que têm por si mesmos, são melhores por te conhecerem, em virtude dessa energia positiva contagiante que irradias.
    Sabes como sou exigente quanto às pessoas. Sabes também, decerto, que estás no nível de topo dos seres humanos que mais admiro!
    Grande Joana!!!

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