terça-feira, 1 de setembro de 2015

Agradeço ao acaso...

O "acaso" marca a nossa vida... Todos os dias, um minuto, uma hora, um momento fazem toda a diferença...

Há uns anos fui ao cinema ver um filme que se chamada "Instantes decisivos" que me marcou. A história era a de uma mulher cuja vida se divide em dois paralelos, sendo que numa das vidas entrou no metro e na outra não. Uma série de peripécias mostram que um instante muda todo o percurso de vida e todas as vivências. No fim (e não vou estragar o final a quem não viu) percebemos que talvez existam algumas coisas que têm mesmo de ser... 

Ora isto vem a propósito da minha reflexão sobre o acaso...

Penso tantas vezes como seria a minha vida se não tivesse tomado pequenas decisões em determinado momento... Decisões talvez sem importância mas que permitiram que coisas enormes tenham acontecido...

Desde o ano passado tenho a certeza de que o controlo que temos da nossa vida é muito limitado,  ainda assim, somos livres de fazer as nossas decisões, as nossas opções e com essas vêm as consequências... "But in the end of the day" não controlamos grande coisa... Há coisas que nos passam totalmente ao lado e outras que nos são oferecidas por "acaso"...

Foi por obra do acaso que conheci algumas das pessoas que hoje são muito importantes para mim... E por obra do acaso aconteceram situações que me permitiram criar laços com essas pessoas...

Foi por acaso que passado um ano de conhecer o meu marido, nos encontramos num qualquer chat da internet... E por acaso metemos conversa um com o outro...

Li num livro que todos os dias é-nos oferecido um momento mágico em que podemos mudar toda a nossa vida, apenas temos de saber aproveita-lo, ainda que possamos não o reconheer...  Confesso que quando li achei muito bonito, mas sem aplicação na vida prática do dia a dia... Agora se pensar bem o acaso existe e tem feito maravilhas... 

Hoje agradeço ao "acaso" as coisas maravilhosas que me tem oferecido :)



 

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O Regresso ao trabalho


Adoro ir de férias!!

Adoro estar com a família, sem horários, sem obrigações... Adoro!
Na verdade a determinada altura do ano a necessidade de ir de férias é enorme! A necessidade de recuperar baterias, esquecer por alguns dias que temos rotina, não ter de assumir maiores decisões do que a escolha da praia a ir ou do fato de banho a vestir...

Como qualquer pessoa adoro ir de férias!

Mas na verdade  também adoro regressar!!! Adoro sentir que tenho para onde regressar... que a minha casa continua igual, que as clínicas onde trabalho continuaram a sua vida, mas esperam por mim; que os meus vizinhos continuam os mesmos...

Adoro sentir a segurança da rotina... Adoro regressar!

Cada coisa tem o seu tempo, o seu momento, a sua duração e por isso tento aproveitar as férias ao máximo e nunca fico com a sensação de que soube a pouco... Obvio que uns diazinhos a mais a não fazer nada saberiam lindamente, mas melhor que chorar o que passou é sentir que o vivemos, o aproveitámos, que foi bom, passou mas foi bom e que depois virão outras coisas, outros desafios, outra rotina...

O ano passado passei as férias de Verão de uma forma diferente, duraram muito mais tempo do que o normal, foram muito mais longas e fiz muitas coisas, mas sinceramente, gostei bem mais das minhas semanas normais de férias deste ano e de poder sentir o prazer do regresso!

O regresso significa que a vida corre bem, corre o seu caminho sem desvios... por isso:

Adoro mesmo regressar!!!

Joana

terça-feira, 16 de junho de 2015

Porque “pedalas” tu?




Hoje ao fim do dia fui fazer uma aula de spinning, (ciclismo indoor) e durante esta aula, como pedalamos sem parar e na maior parte do tempo em esforço, encontramo-nos connosco e com os nossos pensamentos e perguntava-me “porque estava eu ali?”, “Porque pedalava eu como se não houvesse amanhã?”, se ainda estivesse na rua a ver paisagens… Se ainda pedalasse para chegar a algum lado…
“Porque é que apesar das minhas dores insistia em estar ali?”

Na aula de spinning somos chamados a além de fazer exercício físico, a desafiarmo-nos, a abstrairmo-nos e a pedalar sem sabermos o destino final...
Na verdade esta aula assemelha-se em muito ao percurso que fazemos dia –a –dia… Nem sempre caminhamos em direção a qualquer coisa, nem sempre sabemos para onde vamos, como vamos,  se vamos lá chegar…
Simplesmente continuamos a caminhar, a pedalar… Simplesmente avançamos porque parar não pode ser opção.

Quando estou no trabalho e a coisa não está a correr bem, o que muitas vezes me pode apetecer é desistir, parar, abandonar um caso… Mas na verdade que direito tenho eu de fazer isso??? Não aceitei eu o desafio de ter a profissão que tenho? Não aceitei eu o desafio de me comprometer com aqueles que se “entregam” nas minhas mãos? Ainda que a coisa não corra bem, a solução é seguir… continuar…
E aqueles que “pedalam” a nosso lado? Que nos motivam a continuar? Que “suam” connosco e que sentem as mesmas dores? Não merecem esses também que agradeça continuando? Motivando?
E nós próprios? Não merecemos “pedalar” só porque nos apetece?  Não merecemos chegar ao nosso objetivo e sentir-nos realizados? Não merecemos ser plenamente felizes? Claro que sim! Merecemos! Mas também temos de “pedalar” para lá chegar…

E quando estamos mais para baixo qual a solução? Quando temos um problema do tamanho do mundo, qual a solução? Parar? Desistir? Naaaaaa…. A solução é “pedalar” porque só assim ultrapassamos o que quer que nos atrasa, que nos atrapalha, que nos dificulta a caminhada.
Naquele momento pedalava para atingir um limite que sabia conseguir (ou então nem sabia, mas que queria conseguir), pedalava para me sentir mais activa, mais viva…
Todos os dias “pedalo” para continuar bem, para que os que me rodeiam se sintam bem… E vou continuar a “pedalar”!!!!

Por fim quero agradecer a todos os que “pedalam” comigo, que me acompanham, que tropeçam comigo, que me ajudam a levantar… Podemos não saber para onde vamos, mas vamos lá chegar!!!!
Boa noite  

terça-feira, 28 de abril de 2015

Semana de testes...



Esta é semana de testes do João. Confesso que estas semanas põem-me de rastos... Por vários motivos e infelizmente não consigo resolver muito bem isto. Pode ser que quando for a Carolina já consiga :)

Durante todos o ano letivo, mas com mais intensidade nestas semanas de testes, os miúdos são pressionados a estudar muito para terem bons resultados. Eu digo "pressionados" porque é o que na verdade faço, de forma às vezes inconsciente, outras nem por isso. Mas pressiono muito. No fim do dia ou no fim de semana há objetivos a cumprir, exercícios a fazer, erros a evitar. Numa altura em que deveria estar a relaxar, a gozar o prazer de estar com os meus filhotes, estou às voltas com contas, problemas, sistemas, gramáticas, redações.... Ninguém merece... Eu não mereço, mas quem não merece mesmo nada são os miúdos... O meu filho não merece ter de me ver irritada, impaciente e até zangada porque ele não está concentrado...
Quero que ele tenha bons resultados, claro que sim, e por isso esta pressão toda, mas quero acima de tudo que ele esteja bem... E nem sempre consigo... nem sempre consigo contrariar o esquema e o sistema... Na verdade quase nunca consigo...

A minha vontade era dizer-lhe, ó filho vai brincar! Vai aproveitar o restinho da tarde com os manos!! Logo fazes o que souberes... mas e depois? Depois corre mal e eu sinto-me péssima porque não acompanhei devidamente o estudo, não o obriguei a rever a matéria... E ele fica mais feliz se tiver bons resultados...

Nestas alturas sinto-me tão confusa e perdida e não sei mesmo o caminho correto a seguir.

Quando tinha a idade dele não me lembro de ter de estudar assim... não me lembro de ser pressionada assim... É verdade que sempre fui atinadinha e estudava sozinha, mas com 8 anos não me lembro de o fazer com esta importância que hoje em dia o estudo tem...

Acredito que João é um miúdo inteligente, esperto, com raciocínio matemático e por vezes gostava que ele tivesse mais iniciativa no estudo, mas será que eu com a idade dele tinha???
Sei que o João se distrai com facilidade, mas não nos distraíamos todos?? Não tínhamos todos bicho carpinteiro???

O João vai para o 4º ano e nessa altura vai ter um exame!!! A sério??? Um exame em que  os miúdos de 9 - 10 anos se identificam com o CC?????

Não será um exagero??? Ou se calhar sou eu que acho que é demais...

Independentemente disso cá estarei para continuar a acompanhar o meu João, e infelizmente para o pressionar :(

Joana




sábado, 21 de março de 2015

O email que nunca seguiu...


Há já alguns dias que não escrevo. Foram umas semanas intensas em termos emocionais e decidi que o meu próximo post seria dedicado a um amigo que infelizmente partiu cedo demais… Mas não tem sido fácil fazê-lo…

Tinha recebido há poucos dias um email dele a dar-me força num projeto do qual também fazia parte (o teatro de pais) mas que infelizmente este ano, por questões profissionais,  apenas acompanhava à distância. Recebi o email, adorei e pensei: “tenho de lhe responder a agradecer!”… Mas não respondi… Poucos dias depois recebi a fatídica notícia… e doeu muito!  Muito mesmo!

Não que este amigo fosse presença assídua de minha casa por exemplo, ou que nos conhecêssemos há 20 anos, mas não era preciso pois o carinho que lhe tenho é enorme, o respeito que lhe tenho é gigante… E foi preciso muito pouco para que este sentimento crescesse.

O Carlos foi personagem principal de uma das peças que encenei no grupo de teatro de pais, um desafio enorme para ele porque não tinha qualquer experiência e o papel exigia muito. Confesso que no início duvidei… Mas o Carlos ensinou-me ensaio após ensaio que o esforço e a motivação moviam montanhas… Foi um trabalho árduo dos dois, mas maravilhoso e muito compensador!  Ver o meu capitão tão fantástico, tão real, tão entregue às crianças e ao grupo mostrou-me que o amor, a entrega e o esforço constroem magia e tornam o difícil fácil e o impossível possível.

O sorriso do Carlos, a forma como acolhia todos era única e tão natural que qualquer pessoa que teve a sorte de se cruzar com ele ficou “contaminada” pela sua bonita forma de ser…

E para quê esta descrição toda de uma pessoa que a maior parte de vós não conhece? Porque o Carlos partiu cedo demais… Como qualquer pessoa pode partir, sem aviso, sem que ninguém espere, de uma forma até esmagadora!

O Carlos viveu a sua vida e marcou a sua presença. Deixa saudade e muita! E isto leva-me a pensar se andamos a aproveitar cada bocadinho da nossa existência na terra, ou perdemos tempo demais com coisas que não têm importância nenhuma? Digo aos meus filhos que os amo todos os dias, ou preocupo-me mais se eles estão a demorar muito a comer o pequeno almoço? Dedico o pouco tempo que tenho com a minha família a estar com eles a 100% ou estou preocupada com as chatices no trabalho, ou com a irritação que me provoca ter o quarto dos miúdos desarrumado?

Naturalmente, todas as coisas no nosso dia-a-dia têm a sua importância, e o facto de acreditar que devemos viver intensamente, não me torna uma anárquica que tem a casa desarrumada, que não faz planos, que não se preocupa com o dia de amanhã. Claro que me preocupo!!! Preocupo-me com o amanhã! Continuo a tentar controlar as coisas que me rodeiam, mas também sei que estou a viver intensamente e aproveitando o que me é dado!

O Carlos partiu cedo demais, deixa muita saudade imensa e tocou a vida de todos os que o conheceram… Carlos foi uma honra conhecer-te! Até sempre!

sábado, 7 de março de 2015

" Não consigo "

Todos temos limites... É um facto inegável! Todos chegamos a um ponto em que não conseguimos mais e nesse ponto dizemos "Eu não consigo". Mas na verdade detesto esta expressão! Limita-nos, restringe-nos, acomoda-nos!

Cá em casa os meus filhos estão quase proibidos de a dizer. Podem dizer "não estou a conseguir" mas o "não consigo" não. Podem achar que é uma tontice, até porque há coisas que eventualmente não conseguimos mesmo, mas ainda que isso seja um facto nada me deve impedir de tentar. Se eu assumir que não consigo uma qualquer coisa, não me vou obrigar a tentar e até, quem sabe, a conseguir.

Nestes últimos meses em que fui sendo posta à prova dia a dia, em que as dores são imprevisíveis e muitas vezes insuportáveis, tenho a tentação de muitas vezes dizer que não consigo, que não tenho força, mas não me permito isso! Não me permito exigir pouco de mim! A fasquia tem de estar sempre alta, porque assim sei que vou conseguir mais, ainda que não consiga tudo.

E isto deve ser em tudo da nossa vida! As desculpas que muitas vezes arranjamos para a nossa vida, para a nossa rotina, podem estar a limitar-nos e a impedir-nos de fazermos coisas que nos fazem bem e nos fazem felizes. Ainda que tenhamos limitações devemos tentar sempre mais... Sempre!

Esta semana, no meu treino de PT, tive uma dor insuportável na cabeça. Uma dor que me deitou completamente abaixo, física e mentalmente. Sentir-me limitada é terrível. Sei que tenho limites e que os tenho de respeitar e sei que tenho de ser responsável com a minha saúde, mas sentir que o corpo não acompanha a vontade irrita-me! A minha fantástica PT, como profissional responsável que é aconselhou-me a parar, mas eu teimosamente não quis e fiz mais uma série... Foquei a minha energia nos músculos e na minha vontade de contrariar a minha limitação. Foquei a minha energia em tudo o que tenho passado e que não deixo que me deite abaixo. Parar talvez tivesse sido o mais sensato, mas eu precisava de me superar, de dizer aquela maldita dor que não me controla, não manda em mim, nem na minha força, e que quem controla a minha vida sou eu! Agradeço à minha PT porque respeitou a minha teimosia e porque apesar de achar que eu sou meia doida ainda me motivou a acabar a série com energia.

É disso que preciso, de pessoas à minha volta que puxem por mim, que me motivem a continuar e a avançar! Pessoas tão "loucas" como eu que simplesmente não aceitam o "não consigo".

Um destes "loucos" é o meu marido. Foi a sua determinação e a forma como puxou por mim, pela minha força e pela minha fé que me fez confiar e aceitar. Que me ajudou a levantar quando me fui (e ainda vou) abaixo. Que me respeitou quando me apanhava a chorar sozinha, mas também não me deixava ali a deprimir.

Todos temos limites é certo! Mas podemos (e devemos) tentar superá-los...



quarta-feira, 4 de março de 2015

Hoje estou cansada...

Hoje estou cansada... melhor, hoje estou exausta!

Há dias assim, em que o cansaço é tão grande e forte que me põe de joelhos, sem força para me levantar...

Estou cansada de tanta coisa... Estou cansada das minhas dores... Estou cansada de não conseguir fazer tudo o que quero e preciso fazer... Estou cansada de dizer tantas e tantas vezes ao meu Diogo para não meter as mãos na comida, e na refeição seguinte lá está mais uma vez a mão...
Estou cansada de dizer mil vezes a mesma coisa ao meu filho mais velho e ele por outras mil volta ao mesmo... Estou cansada de tentar incutir nele um espírito de responsabilidade e chegar à conclusão que é uma tarefa que roça a missão impossível... Estou cansada de não me conseguir segurar nas minhas reações e passar-me com ele quando pela enésima vez faz o mesmo disparate, faz a letra ilegível, erra o mesmo problema, responde sem pensar... E o pior é que o cansaço é tanto que acabo por ter reações tão exageradas por coisas com tão pouca importância...

Hoje no meio do estudo, já  depois de me ter passado com mais uma irresponsabilidade dele ( com muita importância) e depois de eu já estar a deitar fumo pelos ouvidos, zanguei-me e diz ele "precisas de te zangar assim porque fiz mal o s"... E tinha toda a razão! Era só um s... Mas o acumular de cansaço e de disparate era tanto que acho que a minha racionalidade estava muito perto da de uma minhoca...

Estou mesmo cansada... Cansada de estar cansada... Há mesmo dias assim, em que me pergunto se estamos a fazer bem, ou o que poderíamos fazer mais ou diferente, mas o cansaço é tanto que nem consigo ter novas ideias, novas estratégias...

O que me vale é que este cansaço destrutivo só me acontece à noite, e aí entrego-me ao único remédio que conheço para este cansaço: uma boa noite de sono.

E antes de encostar a cabeça na almofada, confio na certeza de que amanhã vai ser muito melhor e vou estar novamente com a mesma vida que me caracteriza!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ciúmes entre irmãos

Pediram-me que escrevesse um testemunho sobre o ciúme entre irmãos. Partilho convosco o meu testemunho:

Foi quando fiquei grávida do meu 2º filho que pensei mais profundamente sobre o ciúme entre irmãos. Tenho dois irmãos e não me lembro de sentir ciúmes deles, eventualmente até poderei ter sentido, mas não foi nada muito importante pois não faz parte da minha memória. E assim queria que os meus filhos vivessem a fraternidade, sem ciúmes, aceitando-se mutuamente e respeitando a individualidade de cada um.

No entanto, o receio de que o nosso filho, que uns meses depois se tornaria o mais velho, não aceitasse a nova realidade de uma forma pacífica surgiu na minha cabeça e naturalmente em casal.

Quando nasce um mano, o filho mais velho tem de aprender a dividir o espaço, as coisas, e mais importante a atenção dos seus pais e estas aprendizagens podem não ser pacíficas, mas para isso os pais têm um papel fundamental!

O nosso filho mais velho participou em tudo o que tinha a ver com a chegada do mano, desde a escolha do nome, preparação do quarto, a compra de roupinha. Sentiu-se importante e sentiu que a chegada do mano era uma novidade muito boa!

E efetivamente a chegada do mano correu lindamente! Houve um momento de nervosismo sim, um momento em que todas as imagens que o meu pequeno tinha criado do irmão foram confrontadas com a realidade e esse momento pode não ter sido fácil, mas foi mesmo isso… um momento só!

Eu e o meu marido fizemos um esforço muito grande em dividir as atenções pelos dois pequenos seres, eventualmente até dando mais importância ao mais velho, pois este tinha mais perceção enquanto o bebé ainda só precisava que lhe satisfizessem as necessidades básicas.

Lembro-me que logo quando me foi possível, dediquei um dia inteiro apenas ao mais velho, fomos passear, fizemos o que mais gostava e isso fê-lo perceber que não tinha perdido nada com a chegada do mano. 

 Atualmente que já são três, não sinto que os meus filhos tenham ciúmes uns dos outros. Esforçamo-nos por dar igual atenção a todos, apesar de terem todos personalidades muito diferentes e necessidades diferentes também. Se o mais velho precisa de acompanhamento nos trabalhos de casa, de seguida ajudamos o do meio a fazer um desenho ou brincamos com a pequenina. Esforçamo-nos para que sejam amigos, saibam partilhar e aceitar-se na sua individualidade e diferença. Há dias em que não é fácil, em que embirram uns com os outros, em que o mais velho aborrece o do meio até à exaustão e este acaba por se zangar com o irmão. Mas como tudo em educação, este é um caminho que se faz dia-a-dia, situação a situação. E a responsabilidade maior é nossa, dos pais. Nós devemos ser os primeiros a não fazer distinções, não fazer comparações, não deixar que outros o façam, ainda que sem intenção, devemos responder de forma igual a todos. Ainda que não seja fácil, ainda que haja dias em que estejamos cansados, este foi o desafio que aceitámos quando nos tornámos pais e é a esta vocação que temos de responder sempre, todos os dias, com toda a alma, cabeça e coração.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mãe és má!!!

Ontem um dos meus pequenos estava no auge... Fez tanto disparate, mas tanto, e uns a seguir aos outros que a determinada altura confesso que já nem sabia que fazer ou que lhe dizer...

No final daquilo tudo, disse-lhe que ele estava de castigo e que não iria ter uma coisa que queria muito. Foi o fim do mundo... Uma choradeira monumental, um drama digno de filme e a frase que nenhuma mãe quer ouvir: "Mãe és má!!!"
Desta vez não veio acompanhada da outra frase terrível "Não gosto de ti!" mas lembrei-me logo de uma conversa que tive sobre estas frases, há pouquinhos dias...

Estas são duas frases que ditas pelos nossos filhos nos ferem muito, parece que nos deram um pontapé no estômago... e fiquei a pensar porquê... Já as ouvi tantas vezes e magoam sempre da mesma maneira... ainda que eu saiba que é uma frase dita num momento de raiva e que nada tem a ver com o que a criança verdadeiramente sente...

A primeira vez que um dos meus filhos me disse que não gostava de mim, fiquei mesmo triste, mesmo mesmo, mas nem deixei que ele se apercebesse... Reagi como se ele me tivesse acabado de dizer que não gostava de sopa, e respondi calmamente " Não faz mal filho, a mãe gosta tanto de ti que dá para os dois!". Na verdade nunca mais o disse...

Agora o D de vez em quando ainda diz... Especialmente quando está numa das suas crises em que é contrariado... E é como vos digo... magoa sempre...

E magoa porque nunca nos nossos piores pesadelos queremos que seja verdade! Uma mãe nem quer imaginar a hipótese do seu filho não gostar dela! Por outro lado, quando dizem que somos más, pensamos: "Será que não estarei mesmo a ser má?". Ninguém nos ensinou a forma correta de ser mãe... E se estamos completamente erradas?
O bom senso diz-me que não. Ser uma "mãe má" nada tem a ver com o ser má mãe.

Na verdade estamos a educar! Educar é uma tarefa muito complicada e desafiante, e uma tarefa diária, constante! E educar é também dizer não! E de vez em quando castigar também. Tudo isto, claro, de uma forma coerente e com muito amor, porque sabemos dentro de nós que estamos a fazer o melhor para os nossos filhos.  

Não gosto nada de ser a "mãe má", mas esta "mãe má" só quer mesmo é que os filhos sejam felizes...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Exercício físico...

Com o meu regresso ao blog são milhões as ideias sobre as quais me apetece escrever. E escreverei sobre todas :) até porque me decidi a levar isto direitinho direitinho...

Mas hoje apetece-me escrever sobre algo menos profundo, sobre algo que me está a fazer falta há quase 1 semana e se não posso fazer, ao menos escrevo!

Depois de ter sido operada, em Junho, decidi que quando me sentisse melhor iria voltar a fazer exercício físico. Na minha adolescência e juventude (isto agora fez-me sentir velha...) sempre fiz muito desporto e sempre fui muito ativa, mas na verdade a vida encarrega-se de nos tornar sedentários. Claro está que temos de deixar que isso aconteça. E eu deixei!

A última vez que fiz desporto à séria, devia estar grávida do mais velho, ou seja já lá vão uns bons 9 anos... Mas mais vale tarde que nunca e agora é que foi. Desde Outubro estou no ginásio!

Organizei-me com o meu marido e como ele também vai, acabámos por criar turnos para ir ao ginásio de manhã uns dias e outros à tarde. E faz-me tão bem!!!

Pode parecer futilidade mas a questão é que o ginásio me tornou mais ativa, tenho menos sono à noite,  tenho maior resistência e, além de tudo isso, é um momento em que estou comigo mesma, a desafiar-me, a fazer por mim, pela minha saúde, pelo meu bem estar e claro também pelo meu físico.

Por outro lado, é fantástico ver o olhar de orgulho dos nossos rapazes quando percebem que fazemos desporto e que gostamos muito! A satisfação deles quando faço uma corrida e não fico com os pulmões na boca! Na verdade até me sinto mais nova :)

Toda a logística para manter esta minha decisão não é fácil, mas a vontade é mais forte. Há manhãs em que acordo sem vontade nenhuma de vestir o equipamento, ou tardes em que estou tão cansada ou irritada que o que me apetece é calçar as pantufas, mas é nessas alturas em que me forço mais, e nunca me arrependi!

Ter um conjunto de profissionais fantásticos que nos acompanham e que puxam por nós ajuda muito, e por isso tenho de agradecer à minha fabulosa PT, que se tornou uma grande amiga, que me tem apoiado muito nesta fase da minha vida.
Mas a verdade é que se se a vontade não for nossa, ninguém correrá por nós, nem ninguém ficará mais saudável por nós! Podemos ir buscar a motivação a qualquer lado, mas a força é sempre nossa! Sempre!

 J


Imagem retirada do site diabeticool.pt




segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Não sou dada a dramas!

Nunca fui dada a dramas...

Dramas só gosto dos de teatro, dos que nos fazem pensar, que nos fazem viajar para realidades nossas e que nem tínhamos ou queríamos pensar que eram nossas, dos dramas nos filmes que nos fazem chorar por serem tão tristes ou bonitos.

Agora no dia-a-dia, não sou mesmo dada a dramas!

Obviamente que não quero, de forma alguma, deixar de dar importância a vidas dramáticas com problemas insolúveis, com dimensões para além do suportável. Não é a isso que me refiro...

Refiro-me a "dramas" daqueles que muitos falam e se queixam... "Dramas" que mais não são que adversidades às quais damos tanta importância que tudo o resto desaparece.
Há quem precise viver assim, há quem precise de se alimentar da sua própria desgraçada, mas eu não!

Não gosto de dramas, não gosto de queixumes, não gosto de dar demasiada importância às adversidades, às complicações...

Acredito que em quase tudo há um outro lado, uma lição, um aspeto que pode ajudar.  As coisas são como são e não é o peso que lhes possa colocar que vai ajudar a ultrapassar os obstáculos.
Isso não me torna mais forte mas ajuda-me a dirigir os meus esforços.

Dou-vos um exemplo. Quando descobri o meu Ménix, das primeiras coisas que me disseram foi que ia ficar cega do olho esquerdo. Acreditem não é fácil de ouvir isto. Depois de ouvir e assimilar os meus pensamentos foram: Será que consigo trabalhar só com um olho? E se não conseguir que profissão posso ter? Quando falava sobre isto diziam-me "Não penses nisso!! Vais ver que vai correr tudo bem!" Mas eu precisava de pensar sobre isto. Não porque queria dar importância, ou agoirar, mas exatamente porque havia algo para além do drama inicial...

Felizmente após cirurgia e radioterapia correu efetivamente tudo bem. E acredito que assim continuará, mas principalmente porque o que quer que aconteça neste meu caminho não será um drama!

Os "dramas" pesam-nos nas costas e tiram-nos as forças. Os "dramas" confundem as nossas prioridades e não é a eles que devemos dar importância!

Assim, digo e volto a dizer: Não sou mesmo dada a dramas!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Um dia tiraram-me o chão...

Estava eu na minha vida normal, tudo a correr bem. A casa cheia estava cheia de felicidade.

Aproximavam-se os aniversários do D e a C, grande azáfama, mas decidi visitar o meu neurologista...
Sentia um pequeno alto junto à tempôra e as minhas dores de cabeça andavam mais intensas...
E por isso lá fui à espera de uma consulta normal, com as prescrições normais de medicação e um comentário do género... "O quê? Esse altinho na cabeça? Deve ter batido em algum lado e nem se lembra..."

Mas não... Nessa consulta tiraram-me o chão... E eu não estava nada preparada... Ainda sem exames nenhuns o médico deu logo a entender que a coisa não era uma simples dor de cabeça...

Depois disso a batelada de exames que confirmaram... Tinha um tumor na cabeça... Nunca nos meus piores pesadelos pensei conseguir assimilar uma informação destas...

A vontade foi gritar, berrar, fugir, acordar e perceber que era um pesadelo, mas não... Era bem real...

Mas o pior mesmo foi transmitir aos que mais amo esta noticia.. Não só o meu desespero por estar a viver aquilo tudo me deitava abaixo, mas saber o sofrimento que ia causar aos outros ainda me atormentava mais...

Enchi-me de força (que nem sei onde arranjei) e enfrentei esta notícia, quem me acompanhou nesta fase foi ainda mais forte que eu pois nunca me deixaram cair.

Iria tratar deste Meningioma (que carinhosamente nomeamos de Menix) com toda a minha força e com todos os recursos que me fossem possíveis...

O prognóstico não era o melhor, mas nada podia fazer em relação a isso... Assim:

Organizei-me, organizei o trabalho, organizei os miúdos, organizei os seguros... Orientei as minhas forças para algo que conseguia controlar. Sim, porque eu como controladora mor não conseguia controlar a coisa mais importante...

Aceitar isto foi terrível, mas graças ao meu grande companheiro, consegui ver que tinha mesmo de me entregar nas mãos dos outros. E confiar...

E esta foi a minha primeira grande lição...

Estas coisas acontecem! E não acontecem a nós por uma espécie de castigo divino... Acontecem porque acontecem... E nós só temos de  aceitar e lutar, com tudo o que conseguirmos!  Aceitar não é entregarmo-nos... De modo algum! Aceitar não é viver no drama da desgraça que nos aconteceu! Aceitar é perceber que não podendo controlar o que nos acontece, podemos controlar a forma como o vivemos!!
E isso faz toda a diferença! Não digo que torne a situação mais fácil, mas talvez mais suportável.

Eu sigo sempre com o humor e o sorriso... às vezes tão difícil mas que me faz tão bem :) E que me segura tantas vezes! Nos momentos em que vou abaixo é nisto que me concentro. Nas gargalhadas, nos sorrisos e na minha casa cheia que me enche de força!

J






sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Um ano passou....

Um ano passou desde que escrevi no meu blog.

Isto de ter um blog tem que se lhe diga, ainda por cima para mim que gosto de escrever algo que dê vontade de ler e que possa transmitir alguma coisa a alguém...

Neste ano que passou, a minha vida deu uma volta muito grande e deu-me muitas lições importantes.

Saber que somos finitos, que na verdade não somos nada, que devemos viver com uma única certeza, a de que estarmos vivos é um milagre, uma bênção e uma fantástica justificação para comemorar todos os dias!

Criei este blog para poder deitar cá para fora as minhas aventuras, desventuras, medos, ansiedades relativamente aos meus filhos e à nossa casa, mas neste momento vou usa-lo para mais do que isso...

Estes meses que passaram foram meses de grandes pensamentos e grandes descobertas e muitas foram as vezes que as quis passar para o papel, mas sem tempo ou vontade não o fiz... Agora apetece-me transpor para o papel o que aprendi e o que vivi, pois assim, poderei sempre lembrar-me de quanto as dificuldades nos fazem mais fortes e que por elas também devemos estar sempre agradecidos...

Espero que vão lendo :)

Joana