domingo, 22 de setembro de 2013

"O que não deve fazer aos seus filhos"... Haverá regras universais na educação?

Hoje, enquanto navegava no Facebook encontrei um daqueles posts que vemos muitas vezes e que nos remetem para regras e atitudes que devemos ou não ter com os nossos filhos... Geralmente surgem como "as 5 frases que não deve dizer" ou "as 10 coisas que não pode fazer" ou ainda "Nunca faça ao seu filho..."... Enfim, qualquer coisa do género...

Apesar de algumas dessas "regras" serem grandes verdades sinto-me sempre frustrada com esses posts... Nunca conseguirei ser assim... Mas depois penso melhor e a frustração é substituída por alguma revolta...

Quem escreve estas regras e mandamentos reduz de uma forma assustadora as atitudes a ter com os filhos e a vida do dia a dia não é feita de regras e mandamentos chapa 7 que funcionam com todas as crianças e em todas as situações... Isso tornaria a educação muito mais fácil mas também muito menos desafiante e engraçada...

Na minha perspetiva, educar uma criança é tudo menos estanque e não se faz com regras predeterminadas. Educar é uma constante adaptação à realidade e à criança que temos à frente.

Naturalmente há coisas que acredito serem básicas por exemplo: não acho que a criança deva ser tratada como um pequeno adulto, porque a sua visão das coisas não é igual à nossa e além disso a responsabilidade da sua educação é nossa, não é da  própria criança. Conto-vos uma situação, há uns tempos numa das minhas consultas informava uma mãe de uma menina de 8-9 anos que esta teria necessidade de um tratamento algo urgente pois estava em risco de ter dor ou infeção, a mãe informou-me que quem decidia se se ia tratar era a menina, pois os filhos dela deveriam ser responsáveis... Concordo com a parte de que as crianças têm de aprender a ser responsáveis, mas isso não serve para retirar a responsabilidade aos educadores... Há assuntos sobre os quais se deve conversar mas cuja decisão deve ser dos pais e na minha opinião a saúde é uma delas... Ninguém gosta de fazer tratamento, mas temos de o fazer... (o que não foi o caso desta criança, que decidiu que não queria ser tratada...)
Por outro lado, também não se deve "abebezar" a criança porque ela é muito mais inteligente e perspicaz do que nós possamos imaginar e podemos estar a limitar o seu potencial.

Outra "regra" básica (para mim, entenda-se) é educar para a verdade e com a verdade. Acredito que não se deve enganar uma criança, pode-se florear ou suavizar a verdade mas se mentirmos podemos estar a destruir a confiança  que esta tem em nós.

Por último, outra "regra" que tento seguir é educar pela positiva, tentando sempre que a criança seja positiva consigo própria, que tenha autoestima, que entenda que tem limitações e que não é a maior mas pode ser melhor!

De resto, sinto que falho em todas as outras regras e mandamentos (talvez não sempre, mas pelo menos uma vez...), porque as crianças são todas diferentes; porque o que funciona hoje não funciona amanhã; porque hoje o dia correu-me muito bem mas ontem não e isso infelizmente reflete-se nas minhas atitudes; porque hoje tenho tempo e paciência mas amanhã não vou ter; e porque e porque...

Talvez seja por isso que há tantos livros sobre a educação... Todos procuram uma fórmula universal que na verdade não existe...

Viver e educar é um caminho longo que deve ser vivido em constante adaptação. Sabemos qual o destino a que queremos chegar - a felicidade dos nossos filhos - mas o caminho a percorrer é incerto... Cabe-nos a nós pais procurar fazer sempre o melhor, aprender com os erros, ultrapassar os obstáculos e seguir sempre em frente!    

1 comentário:

  1. Acho esta questão de educar pela verdade de suma importância.
    As minhas sabem que a mãe não mente e isso dá-lhes segurança, a forma que elas arranjam de me «obrigar» a fazer algo que querem muito é forçar-me a prometer, desta forma sabem que nem que chovam almondegas a mãe vai fazer.
    E eu prometo pouco, porque não é possível controlar todas as circunstâncias, mas se não fazemos hoje, porque eu saí mais tarde do trabalho, sabem que faremos amanhã.

    Beijo muito grande,
    Ana

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